quarta-feira, 13 de julho de 2011

"A BELEZA E SEUS CONCEITOS IDEALIZADOS"

A BELEZA E SEUS CONCEITOS IDEALIZADOS
Juliana Godin

“Mas o que é, então, o Belo? Não é uma idéia ou um modelo. É uma qualidade presente em certos objetos – sempre singulares – que nos são dados à percepção”.
Mikel Dufrenne, filósofo francês.

De onde veio a idéia de beleza, tão propagada na mídia, relacionada ao jovem forte, alegre e saudável? O que nos faz pensar que o retrato de um garoto franzinho com olhar baixo não poderia ser belo?

Na verdade as origens dos conceitos que temos hoje remontam à Grécia Antiga, quando o ideal de beleza era focado na simetria, equilíbrio e proporcionalidade. Não que os gregos fossem assim! Na verdade as esculturas bem torneadas com rostos alongados faziam parte deste homem imaginário, perfeito, irretocável.
Influenciados por esta arte, vieram posteriormente movimentos desde o Renascimento à Idade Moderna. Por ser considerada um modelo, a Arte Grega passou a ser chamada de clássica, disseminando pelo mundo seus ideais estéticos.
 A partir deste momento, a leiga confusão entre proporcionalidade de medidas e critérios de aparência foi inevitável. Ainda pensa-se que o belo deve necessariamente ser harmonioso, saudável e alegre.
            Um dos fatores que vieram consagrar a identificação da beleza com critérios aleatórios foi a indústria cultural. A fotografia, o cinema e a televisão perpetuaram esses ideais mesmo quando já ultrapassados em relação à arte ou ao gosto da crítica. À medida que os espetáculos artísticos se estabeleceram em horários de diversão, parecem ter adquirido como características a alegria, a distração e o disfarce das imperfeições. Estava assim afastada a possibilidade de que uma beleza pudesse ser profunda, crítica e inquietante.
            Seria possível falarmos de realidades como guerras, desastres naturais e da sensação que despertam através das imagens nas quais predominam o equilíbrio e a harmonia? Mesmo que possível, a beleza não resulta desses princípios, mas da transmissão de forma peculiar de ver e interpretar o mundo, da idéia que, transposta para a obra, se reconstitui na mente do espectador.

Sobre a autora:
Juliana Godin
Arte-educadora, atua na Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Apaixonada por tudo que envolve Arte, Música, Teatro, Dança, Arquitetura, Publicidade, Design, enfim... criatividade!

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